No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado neste 5 de junho, seis iniciativas criadas por jovens de diferentes regiões do Brasil ganharam projeção nacional ao vencer o Prêmio Criativos da Escola + Natureza, promovido pelo Instituto Alana. Os projetos unem preservação ambiental com valorização dos saberes tradicionais, e entre os destaques está a cidade de Corumbá (MS), representando o bioma Pantanal.
Na zona rural corumbaense, estudantes da Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo Sebastião Rolon desenvolveram uma peça teatral educativa com foco na prevenção de queimadas — um problema recorrente que afeta famílias inteiras na região. A proposta surgiu a partir de uma investigação feita pelos próprios alunos, que buscavam compreender como poderiam contribuir para reduzir os impactos dos incêndios em suas comunidades.
“Muitos aqui são filhos de agricultores, são filhos de pais que cuidam de gado. Então, aqui tem sempre incidências de queimadas. É quando surgem as dúvidas sobre para quem ligar ou a quem recorrer. Eles não sabiam o que fazer quando ocorrem esses eventos e falavam que faltava informação e, até então, ninguém sabia. Através do projeto, eles começaram a tirar essas dúvidas”, conta a professora Stella de Souza, responsável por orientar a iniciativa.
A encenação, apresentada para moradores da região, foi o ponto de partida de uma mobilização cultural que já está sendo ampliada. A intenção agora é transformar o conteúdo da peça em livros e histórias em quadrinhos produzidos pelos próprios alunos, além de articular a temática com outras disciplinas do currículo escolar.

“A gente pretende criar livros com a autoria deles, histórias em quadrinhos. A gente também está tentando alinhar o conteúdo com o conteúdo de outras matérias, para que a gente possa ampliar esse conceito e alcançar não somente os adultos, como também outras crianças”, completa a professora.
O projeto corumbaense foi um dos seis selecionados entre quase 1.600 inscritos, de 738 municípios do país. Cada equipe vencedora receberá apoio técnico e financeiro — R$ 12 mil ao todo, sendo R$ 10 mil destinados aos estudantes e R$ 2 mil ao educador ou educadora responsável. Os premiados também participarão de uma jornada formativa online, culminando na participação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém (PA).
“A gente hoje já sabe que crianças e adolescentes são a população no mundo mais impactada pelas questões climáticas e das desigualdades raciais, mas nem sempre essa população é considerada nas soluções dos problemas. Ou mesmo escutada em relação ao que as afeta, ao que as aflige”, destaca Ana Cláudia Leite, especialista em educação e culturas infantis do Instituto Alana.
De acordo com Ana Cláudia, a jornada preparatória até a COP30 permitirá aos jovens aprimorar suas ideias, trocar experiências e ampliar o alcance social de suas propostas. “Serão conteúdos, pessoas, experiências que possam ampliar a possibilidade de atuação desses jovens nos seus territórios e de fortalecer esse projeto, para que ele possa ganhar escala, incidir no entorno da escola, ter mais diálogo, mais parceiros, seja iniciativa privada, seja com poder público ou terceiro setor.”
O Prêmio Criativos da Escola + Natureza é uma iniciativa do Instituto Alana, organização sem fins lucrativos que atua pela garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Desde 2015, a premiação valoriza projetos que promovem transformações sociais a partir do protagonismo infantojuvenil e da metodologia “Design for Change”.
Confira os vencedores por bioma:
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Pantanal | Projeto: “Queimadas no Pantanal”, da Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo Sebastião Rolon - Extensão Nazaré, de Corumbá (MS)
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Amazônia | Projeto: “O diálogo com a natureza: Povos indígenas da Amazônia e a sustentabilidade”, do Instituto de Educação do Amazonas, de Manaus (AM)
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Cerrado | Projeto: “Protótipo de Sistema de Reuso de Água na promoção da sustentabilidade e o uso responsável dos recursos naturais”, do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, em Codó (MA)
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Caatinga | Projeto: “Filtropinha: dos resíduos aos recursos”, da Escola Técnica Estadual Paulo Freire, de Carnaíba (PE)
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Mata Atlântica | Projeto: “Ecotech”, do Instituto Federal de Sergipe, de Estância (SE)
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Pampa | Projeto: “Colocar o coração no ritmo da Terra: reflorestando mentes e corações”, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint-Hilaire, de Porto Alegre (RS).
*Com informações da Agência Brasil.
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